Eventualmente vamos para o curso de inglês, academia e até violão. A maioria de nossos problemas se baseia na nota baixa de matemática ou no fato de termos gastado nossa mesada toda no início do mês. Escutando as histórias de minha mãe e meus avós, percebo como somos absolutamente privilegiados. Fico chocada ao escutar como foi a infância de minha mãe e me arrependo de muitas vezes tê-la desrespeitado ou levantado a voz por um motivo banal.
Ela me contou que acordava extremamente cedo para frequentar a escola, cuidava de suas irmãs como se fosse mãe delas já que minha avó nunca se dedicou às filhas. Preparava o café e levava todas para a escola. Professor era uma palavra extremamente respeitada, porque, antigamente, os professores eram autoridade máxima e ninguém nem pensava em discordar disso. Castigos eram frequentes e desrespeitar pai e mãe era gravíssimo e motivo para várias surras.
Minha mãe deixou de ser psicóloga, seu sonho desde menina para trabalhar em caixa de supermercado e colocar comida em casa. Seus sonhos foram desaparecendo com o tempo e sua infância e adolescência foram roubados. Rezar o terço toda noite era regra e os costumes trazidos por seus pais eram seriamente respeitados. Apesar de tudo isso, ela insiste em dizer que aquele tempo era bom e que ela aprendeu muito com o sofrimento. Depois de muito tempo, minha mãe resolveu voltar para a faculdade. Hoje ela tem um currículo invejável e uma vida cheia de conquistas e razões para se orgulhar de tudo o que enfrentou. Sinto-me extremamente honrada de ter uma mãe tão batalhadora e aliviada de ter uma vida perfeita.
Nenhum comentário:
Postar um comentário